domingo, 10 de março de 2013

Sinal do Pedestre?

Ontem me deparei com uma situação um tanto quanto constrangedora...

Era por volta das nove horas da noite quando eu precisei atravessar a via Anchieta no perímetro urbano.
Lá é bem movimentado e com várias travessias de pedestres em sua extensão, porém, com a chuva que caiu em São Paulo, os semáforos da Anchieta estavam todos apagados... foi então que me deparei com a seguinte situação:

- noite, por volta das nove horas
- semáforo apagado (tanto o dos carros quanto o de pedestres)
- via movimentada e cheia de motoristas apressados
- chuva intensa e eu sem guarda-chuva ¬¬
- motoristas mal educados e mal humorados (alguns com instinto assassinos Ò_Ó)
- cruzamento onde todos os carros queriam andar primeiro sem dar passagem para o outro

Pois bem, foi exatamente nesse instante que eu me lembrei da tal campanha da prefeitura "Pedestre Vivo".
Pensei comigo: Por que não tentar? Se isso funciona mesmo, a hora é agora de testar.

Posicionei-me próxima da guia onde os motoristas pudessem me ver e estendi minha mão para poder atravessar... e adivinhem só?
Qual não foi a minha surpresa quando eu descobri que o gesto... não funciona em nada em se tratando de travessia de pedestre?!? ¬¬

Exatamente!
O gesto NÃO funciona!
Na tentativa de atravessar a avenida, eu estendi minha mão mais uma vez e, com o trânsito parado pelo engarrafamento que se criou com a tentativa de todos os carros andarem ao mesmo tempo, uns vindo da avenida e outros do cruzamento, comecei a atravessar.
Aproveitando a deixa, um senhor, que já deveria estar esperando para atravessar há algum tempo, foi caminhando ao meu lado também na tentativa de atravessar quando uma moto veio pelo corredor buzinando e xingando nós, pedestres que estávamos desviando dos carros parados em cima da faixa, pois não queriam ceder a vez na pista.
Puxei o senhor de volta para a calçada e o motoqueiro (sim, motoqueiro e não motociclista!) ainda xingou um pouco mais ao passar por nós.

Mais uma tentativa.

Estendemos a mão, agora o senhor e eu, e tentamos a travessia mais uma vez.
Enquanto atravessávamos eu pude perceber, no rosto dos motoristas, a indignação deles por serem "obrigados" a dar passagem para nós enquanto perdiam a grande oportunidade de passar à frente dos carros que atravessavam o cruzamento.
Alguns chegaram até a esbravejar, batendo no volante a apontando para nós.
Outros gritavam de dentro do carro "Ô merda! Não podiam esperar?"

Ufa! Primeira etapa concluída!
Faltava agora atravessar a outra via para que conseguíssemos chegar à calçada do outro lado.
O transito já estava parado com o cruzamento, o que "facilitou" um pouco, mas ao chegarmos na última pista, um carro branco conseguiu furar o cruzamento e avançou em cima de nós.
Parou por poucos centímetros da minha perna e ficou acelerando o motor, me apressando a atravessar.
Isso levou apenas alguns míseros segundos, mas a pressa do cidadão, confortavelmente dentro de seu veículo branco, não podia esperar um pedestre na chuva terminar de atravessar a via e chagar em segurança na calçada.

Fiquei revoltada com a situação e me senti constrangida pelo fato de eu, como pedestre, ser tratada como uma inconsequente criminosa que viola o direito dos preciosos 3 segundos do motorista para avançar meio metro no trânsito em uma noite chuvosa.

E uma coisa que me revoltou ainda mais, é que o casal do carro branco, que ficou acelerando para mim, era um casal jovem, talvez mais novo do que eu!
Fiquei decepcionada, pois eles serão o futuro do trânsito! E pelo visto, será um trânsito sem educação, sem respeito ao próximo e à vida.

A prefeitura de São Paulo até pode considerar o projeto "Pedestre Vivo" um projeto bom e válido para tentar melhorar a segurança dos pedestres da cidade, mas antes, ela deveria educar os motoristas à colaborarem em uma situação como essa.

Enquanto tivermos motoristas mal educados, o trânsito de São Paulo continuará criando vítimas.

(U_U)

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